As Olimpíadas Escolares é um evento promovido pelo COB e uma ótima oportunidade de incentivar o esporte dentro da escola. Porém, o que realmente se ver na prática, são clubes semi-profissionais disfarçados de escola.
Sempre após os jogos, conversava com treinadores e atletas de outras equipes e eles me relatavam abertamente tudo isso que falei anteriormente. No caso de São Paulo, eram atletas do Corinthians, do Santos e do São Paulo, disfarçados em colégio “Amorim”. A equipe de Pernambuco representada pela escola “Santa Emília”, mas na verdade eram atletas do Sport do Recife. Santa Catarina era representado pelo Jaraguá ex-clube do Falcão. De acordo com os relatos de alunos e treinadores, os treinos ocorriam todos os dias em dois períodos. (O que seria impossível para professor-treinador de escola pública).
Quando se trata de escola pública, no meu caso, onde tenho que cumprir uma carga horária de Educação Física Escolar na teoria e na prática, e o esporte digamos de rendimento é trabalhado nas horas vagas e fins de semana, sem ganhar nada mais por isso. Sem falar na falta de materiais e na falta de tempo dos atletas todos oriundos de famílias de baixa renda e que não tem dinheiro nem para comprar o tênis para jogar. E ainda tem que trabalhar para ajudar na renda da família. Claro que isso não é desculpa para uma derrota, mas faz grande diferença numa competição.
Apesar de todas estas dificuldades, lutamos de igual para igual com estas escolas – clubes, e ainda demos muito trabalho para todas elas. Fica aqui o meu desabafo pela falta de ética de alguns profissionais da área que joga sujo para vencer.
Marcos Hanry – professor de Educação Física da rede pública de ensino da cidade de Varjota que enfrentando todas as dificuldades, foi campeão cearense sub-17 masculino, mesmo treinando apenas duas vezes na semana e com apenas duas bolas, representou o Estado do Ceará em Curitiba no Paraná pela escola Liceu WL de Varjota. Neste caso, eu e estes atletas, podemos nos considerar heróis da bola...
